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DA ENTREGA


Texto e imagem: yoga.pro by Tereza Freire


Momento de Ishvara Pranidhana...


• Ishvara Pranidhana é entregar-se a Deus. É render-se... Este Deus que pode ter a forma que você quiser: pode ser santo, um guru, um iluminado, pode ser do reino animal, do mineral, pode ter a forma das ondas do mar, pode ser um rio, pode ser o pôr-do-sol, Buda ou Cristo, mas é alguém ou algo aos pés de quem você se prostra. Seja deitado, de joelhos, abaixando a cabeça ou com o sinal da cruz. Você se curva.


• Entregar-se é muito mais do que respeitar. É dedicar cada minuto de sua existência a essa força suprema. É fazer com que cada ato seja sagrado. Deixar de re-agir e passar a agir com discernimento, porque essa capacidade de escolher entre o certo e o errado é a única diferença que temos dos animais. Como seres humanos e encarnados, podemos ritualizar cada ato que fazemos, dando às nossas ações o caráter de escolhas e não de reações.

• Assim, eu escolho agir de acordo com as leis do dharma e fazer de cada ato uma puja, ou seja, uma oferenda. Eu existo para servir a algo que é muito maior que o meu ego que faz. Trabalho para melhorar a vida das pessoas ao meu redor, e procuro não ferir nem magoar ninguém com palavras ou atitudes. Isso é Ishvara pranidhana.

• E a forma de sacralizar esta devoção é através do puja, onde eu ofereço o meu coração em forma de símbolos que representam todos os aspectos do amor.

• Na puja, que pode ser feita de todas as maneiras possíveis, recitamos mantras, oferecemos flores, fogo, água, alimento, como uma forma de nos re-ligarmos ao divino, para nos alimentarmos dele e com ele, como faz uma criança no ventre da mãe.

• A puja dos hinduístas é uma dança maravilhosa de mãos e intenções que servem e oferecem e uma festa de cheiros, sons e sabores, onde o convidado é a divindade que é recebida com todas as honras.

• Mas o que vale mesmo é a intenção pura. Uma simples flor, uma vela e uma oração, ou simplesmente a intenção verdadeira de unir-se a deus faz com que ele vá até a sua casa. Puja é como receber Deus em casa.

• E quando vai chegar alguém que você ama muito, você faz faxina, compra flores, lava a louça, troca a roupa de cama, arruma os móveis, faz uma comida, toma banho e põe uma roupa bonita. Essa deveria ser a nossa atitude diária perante a dádiva da vida.

• Na Bhagavad Gita, Krishna diz: ' Aquilo que tiver que ser, será'. Isto significa que não adianta resistir àquilo que nos acontece diferente do que gostaríamos. Aconteceu porque sim. Ao invés de procurar razões, dizer sim à vida! Sim, sim, sim.

• Receber de braços abertos como a montanha recebe a chuva, o vento, as devastações e não deixa de ser montanha. Permanece firme, cumprindo a sua missão de montanha. Nietzche diz: 'Aquilo que não me mata imediatamente, me fortalece.'

• Receber a dor como ensinamento, como presente, oportunidade de crescimento e não lutar contra ela. Encarando a dor, eu a recebo e me fortaleço! Quando perdemos alguém que amamos, devemos aceitar, mesmo sentindo uma dor que parece que não passará nunca...

• Aceitar com amor! Porque sagrada foi a vida e sagrada é a partida. Quem garante que lá, onde ficam os espíritos, não é muito mais bonito do que aqui? O que ficou por dizer, o que não fizemos foi o que poderíamos ter feito naquele momento. Um dia, nos reencontraremos com quem partiu sem se despedir.

• Somos seres espirituais vivendo brevemente como humanos! Voltar a a ser espírito deve ser como voltar para casa.

• Ishvara Pranidhana é também oferecer os frutos das ações a esta força maior. Ou seja, tanto a intenção, a causa, quanto os frutos que virão são oferecidos. Nada fica para nós. O ego, aquele que age, nada colhe. Ele age porque é seu dharma agir, mas desapega-se dos frutos.

• Isto muda a concepção errônea que às vezes temos de karma yoga, como sendo ação desinteressada, sem expectativas. Neste caso, existe a expectativa porque quando ajo, espero os frutos da ação, mas os entrego. Nada fica!

• O ato de comer passa a ser sagrado. Não vemos o alimento apenas como o objeto de satisfação de nossa fome e sim, como uma prasada, uma oferenda divina, que merece ser degustada com atenção.

• Nosso banho deixa de ser algo automático e passa a ser como banhar-se nas águas dos rios sagrados. E assim, todos os nossos dias podem se transformar em pujas. É só manter a conexão. É só não cortar o cordão...

Namaste!